quarta-feira, 10 de março de 2010

Sérgio Gameiro quer construir manutenção já este domingo frente ao Boavista

O Lousada tem pela frente oito finais e um calendário teoricamente mais fácil (5 jogos em casa e 3 fora, dois deles frente aos vizinhos Paredes e Aliados), um panorama favorável, que deixa antever o sucesso desportivo. No entanto, é no plano financeiro que o clube continua a debater-se com graves problemas. Depois do imbróglio directivo verificado no início da época e da sensibilidade evidenciada pelos lousadenses em manter o emblema no activo, os dirigentes voltaram a ser "deixados ao abandono". As dívidas à Segurança Social e às Finanças têm impedido a associação de se candidatar ao subsídio camarário, a maior e quase única verba para fazer face às despesas. Sem este auxílio (que ainda não deu entrada nos cofres do clube) e a acreditar que até mesmo os jogos em casa estão a dar prejuízo é fácil perceber a tarefa hercúlea que os dirigentes têm enfrentado para cumprir com as suas obrigações. E, ao que TVS conseguiu apurar, os salários de Janeiro já foram pagos e todas as despesas correntes estão controladas, sendo mesmo as dívidas precedentes que estão a dar dores de cabeça.
Eugénio Cunha, numa entrevista ao nosso jornal no arranque da temporada, confessou estar preparado para o desvanecer do altruísmo dos lousadenses, mas nunca para o risco de o clube não receber o apoio camarário, o que no seu entender seria dramático. E, esta é a palavra que melhor define, mais uma vez, a situação financeira do clube, que ainda assim não esmorece a fé do dirigente em colocar a breve prazo a ADL num patamar mais elevado do futebol nacional.



Sérgio Gameiro é um dos quatro elementos do actual plantel, a par de Miguel, Orlando e Ginho, que inevitavelmente já fazem parte da história do clube ao conquistarem a melhor classificação de sempre, tendo ficado a um penálti não concretizado da subida à Liga de Honra. Num período de grande instabilidade, o clube esteve na iminência de encerrar as portas, o médio que entretanto representou o Moreirense, optou regressar ao Lousada e nem mesmo o facto da longa viagem que tem de percorrer diariamente o impediram de aceitar o convite de Eugénio Cunha. E, foi mesmo a confiança depositada no líder da Comissão Administrativa que o fez envergar novamente a camisola rubro-negra.
Sérgio Gameiro confidenciou que a despromoção, não está nem nunca esteve no horizonte dos atletas e mostrou-se disponível para ajudar, no futuro, a repetir o êxito da temporada 2005/06.

TVS: O que é que te fez abraçar este projecto, sabendo das dificuldades do Lousada não só esta época, mas, também, nas últimas três épocas?
SÉRGIO GAMEIRO:
Em primeiro lugar o que me fez abraçar este projecto foi o facto de conhecer o presidente e depositar nele total confiança. Quando me contactou fiquei logo com outra perspectiva em relação ao futuro. Na altura, nem sequer pensei se o clube estava a passar por dificuldades, tenho confiança no trabalho dele e isso bastou para aceitar o convite. Neste momento, podemos estar menos bem, mas acredito que temos todas as condições para fazer melhor.

TVS: É do conhecimento público que o Lousada está a praticar salários baixos. Nem o facto de te deslocares todos os dias de Barcelos impediu aceitar o convite?
SG:
As propostas que tive também não eram muito aliciantes (duas de dois clubes da mesma divisão e uma de um clube de uma divisão inferior). De uma forma geral, os clubes que militam na 2.ª e 3.ª divisão estão a atravessar por sérias dificuldades e qualquer que fosse a minha decisão sabia que ia ter de viver com essa realidade. Mas, no final, o que mais pesou na minha decisão foi o facto de já conhecer as pessoas e depositar nelas total confiança. Ao fim e ao cabo isso acabou por me dar uma certa confiança.

TVS: No início da época, o presidente chegou a colocar a hipótese do clube descer esta época para voltar a colocar o clube no topo, apresentando um projecto a curto prazo. Assinaste no sentido de fazer parte dessa intenção dos dirigentes?
SG:
Assinei só por um ano. Independentemente do que se passar até ao final da época, obviamente estou disposto a ajudar no futuro, assim haja vontade dos dirigentes. Penso sempre no presente nunca no futuro, porque no futebol as coisas são sempre muito instáveis. Para a próxima época logo se verá. Se for só esta fico contento por ter ajudado, se puder ficar mais uma, estou disponível para chegar a um entendimento.

TVS: Como é que tem sido trabalhar esta época?
SG:
Bastante difícil. Como é público não tem sido fácil gerir o clube, tanto financeira como desportivamente. Começamos muito mal o campeonato, os jogadores começaram a vir a conta gotas, mas aos poucos o clube foi-se afirmando e presentemente estamos numa posição que não é de todo desconfortável, atendendo às dificuldades sentidas no início. Quem assistiu aos primeiros jogos, não imaginaria que a ADL pudesse estar onde está. Acho que houve um esforço colectivo e uma vontade tanto da parte da direcção como dos jogadores e da equipa técnica no sentido de dar a volta por cima. Como disse, apesar de todas as dificuldades o clube está a conseguir superar os obstáculos que teve pela frente.

TVS: O facto de o plantel ter sido formado a conta gotas nunca permitiu ao treinador formar um núcleo duro?
SG:
Nos primeiros jogos, notava-se que a equipa não tinha estabilidade. Quando começou a segunda volta, entraram alguns jogadores experientes e a equipa começou a ganhar mais confiança e os resultados acabaram por aparecer.

TVS. Como é o balneário neste momento?
SG:
Está bem. Temos um balneário muito bom, um grupo forte, todos os atletas se dão bem e estão concentrados no mesmo objectivo. Nos jogos em casa vê-se que a equipa está coesa e joga para ganhar. Nos jogos fora não temos tido a mesma sorte, mas isso tem a ver com outros factores.

TVS: A força de vontade e a união do grupo foram determinantes para ultrapassar os obstáculos?
SG:
Sem dúvida. Quando a equipa está confiante as coisas começam a rolar com naturalidade. A confiança e o optimismo das pessoas dentro e fora do campo acaba por ser outro.

TVS: A derrota atípica frente ao Vianense poderá afectar o Lousada para os próximos encontros?
SG:
As derrotas pesadas, como a que aconteceu frente ao Vianense, deixam sempre alguma marca. Mas quem assistiu ao jogo pôde constatar que não merecíamos ter perdido esta partida. Parece até um quanto absurdo dizer isto, atendendo ao resultado final (4-0), mas quem viu o encontro sabe que os números da partida não expressaram o que se passou dentro do campo. O próprio Vianense assumiu que tinha sido feliz no resultado. Independentemente dos números, penso que nos jogos em casa a equipa vai voltar ao seu nível e mostrar que está forte e unida.

TVS: Como é que a equipa está a preparar a partida frente ao Boavista?
SG:
Apesar da derrota frente ao Vianense a equipa tem demonstrado uma confiança muito grande e espero que não fique abalada com os 4-0. Como também já referi, nos jogos em casa temos feito tudo para ganhar e, na maioria das vezes, têmo-lo conseguido. Temos sido uma equipa certinha e espero que este domingo possamos voltar a ganhar.

TVS: A grande competitividade deste campeonato e a tabela classificativa (sem grandes diferenças pontuais) prometem jogos complicados com o Paredes e o Aliados, tendo ainda a aliciante de poder valer a manutenção. Como antevês estes dois dérbis?
SG:
Espero que quando jogarmos com o Paredes e o Aliados, possamos estar já numa posição mais folgada. Temos agora dois jogos em casa e vamos dar tudo por tudo para conquistar os seis pontos, para quando jogarmos com os dois clubes da região possamos encará-los de uma forma diferente.

TVS: A manutenção é o objectivo que está presente na cabeça de todos os jogadores?
SG:
Sem dúvida. Esta época é o principal objectivo. Com todas as vicissitudes e contratempos que surgiram no início da época não pensamos noutra coisa que não seja a manutenção. Neste momento, estamos numa posição confortável e a distância pontual que nos separa dos clubes que estão mais acima não nos permite pensar em alcançar outros voos. Agora, podendo, iremos fazer tudo por subir mais na tabela. Se pudermos ficar em 5º não iremos ficar em 6º lugar.

TVS: Se o actual plantel tivesse iniciado a época atempadamente, acreditas que teria sido possível lutar pelos lugares cimeiros ou subir de divisão?
SG:
Com o plantel que temos, se este fosse trabalhado desde o início, penso que poderíamos estar entre as três quatro primeiras equipas e lutar com elas para atingir algo mais.

TVS: Que mensagem gostavas de deixar aos sócios?
SG:
Sei que existem pessoas que não estão satisfeitas com o rendimento da equipa, mas apelo ao bom senso da massa associativa para apoiar o clube e sentir que o Lousada está a passar por uma fase crítica. Queremos vencer e só com o apoio dos sócios isso será possível. Sei que o Boavista costuma arrastar muita gente, mas espero que em Lousada não esteja em maioria.

Publicada in TVS / Carlos Mota

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