quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sócios do Lousada bateram com o nariz na porta


Os cerca de meia centena de sócios, entre os quais quatro ex-presidentes, da Associação Desportiva de Lousada que compareceram na sexta-feira, dia 13, na sede do clube depararam-se com as portas encerradas, tendo, inclusive, as fechaduras alteradas e nem o presidente da assembleia geral tinha em seu poder chave para abrir a porta, pelo que a reunião acabou por não se realizar.
Os ânimos aqueceram e enquanto uns apontavam o dedo à "má fé" da atual comissão administrativa, outros exigiam que o presidente da assembleia iniciasse a mesma num outro local, o que acabou por também não acontecer.
No local circulou também um documento que dava conta da restituição dos imóveis à autarquia, que também foi posto em causa pelo facto dos sócios não terem sido inquiridos sobre essa decisão.
Eugénio Cunha, ex-presidente do clube e um dos sócios que haviam pedido a assembleia-geral mostrou-se indignado com toda a situação e lamentou que as pessoas que afirmaram que o clube não iria ser gerido nos cafés não tenham comparecido e inviabilizaram mesmo que os sócios debatessem a vida do clube em sede própria. O ex-dirigente mostrou-se ainda surpreendido que o mesmo presidente da assemblea-geral que presidiu à eleição da atual comissão administrativa não tenha agora legalidade para convocar assembleia-gerais.
Aliás este é um dos muitos pontos dúbios e confusos da gestão dos últimos anos do clube e até mesmo a constituição de uma comissão administrativa, por um período superior a 30 dias, não deverá estar em conformidade com os estatutos.
Joaquin Valiñas põe termo às suas funções

No centro de todo este imbróglio está o último presidente da mesa de assembleia-geral, quando o clube era gerido por uma direção, presidida na altura por Hugo Barbosa. Ao nosso jornal, Joaquin Valiñas relembrou que as suas funções já deviam ter terminado no final da época 2008/09 e que posteriormente, e para surpresa sua, só voltou a ver-se envolvido nas decisões do clube por uma questão de boa-vontade e nesse mesmo ano pagou do seu próprio bolso a inscrição do clube, em concreto das suas camadas jovens. Foi então nessa mesma assembleia que recusou continuar como presidente da mesa de assembleia e que não sendo encontrada outra solução, o clube passou desde essa data a ser gerido por uma comissão administrativa, liderada por Eugénio Cunha.
Dois anos mais tarde, Joaquin Valiñas, que entretanto nunca mais havia sido solicitado para convocar a reunião de sócios, voltou a deparar-se com cenário idêntico. Mais uma vez na tentativa de solucionar o imbróglio e contactado por Luís Jorge, um responsável das camadas jovens e a pedido do "principal patrocinador do clube, na pessoa do seu presidente", referindo-se a Jorge Magalhães, como ficou escrito na acta de 18 de julho de 2011. Nessa mesma reunião, Joaquin Valiñas alertou para a importância de se apresentar contas, algo que não tem acontecido, e depois de uma troca de acusações entre Eugénio Cunha e Ricardo Ribeiro, procedeu-se à eleição da comissão administrativa liderada pelo mesmo Ricardo Ribeiro, pelo facto de não ter surgido nenhuma lista candidata aos corpos gerentes.
"O Ricardo Ribeiro foi eleito numa assembleia geral que eu promovi com boa intenção a pedido do Luís Jorge e de um grupo de pessoas que trabalhavam nas camadas jovens que se propunham apresentar uma lista com corpos gerentes e não uma comissão administrativa", referiu Joaquin Valiñas, que confessou "ter sido um erro", pois agora surgiram pareceres juridicos que conferem poderes apenas à comissão administrativa.
E, foi por todos estes factos que mais uma vez não pôde recusar o pedido de um grupo de pessoas liderado por Eugénio Cunha, que reuniram a assinatura de 30 sócios para a convocação de uma assembleia-geral que previa a distituição da atual comissão administrativa. No entanto e tendo em conta a delicadeza do assunto em debate, Joaquin Valiñas alertou para o facto da mesma decorrer com rigor estatutário, pois qualquer anomalia (nomeadamente a falta de pagamento de quotas) poderia ser motivo para posterior impugnação.
E, foi a recusa do presidente da assembleia em avançar com a mesma, tendo em conta o fecho das portas que levou a que alguns associados se tenham insurgido contra Joaquin Valiñas, que já esta semana enviou uma carta a quatro entidades a solicitar a sua demissão. "A confusão que se gerou vinda de vários juristas sobre a legalidade ou não para fazer uma convocatória, levou alguns associados a me desrespeitarem ou mesmo ameaçar. Se cometi algum erro, foi sempre na convicção e apoiado por pessoas importantes para a vida do clube, de que estava a prestar um serviço e a contribuir para a sempre desejada resolução do crónico problema de encontrar uma lista de corpos gerentes", pode ler-se na missiva a que o TVS teve acesso, a mesma que dá conta da sua total disponibilidade "para esclarecer todas as dúvidas que possam subsistir na mente de alguns que eu ainda considero de bons lousadenses e amigos do clube".
Se Joaquin Valiñas pôs um termo nas suas funções, não é certo que este assunto fique por aqui.
A autarquia, na pessoa de Eduardo Vilar, vereador do desporto, referiu que a sua responsabilidade é apenas a de proporcionar as melhores condições logísticas, sem nunca interferir naquilo que é a vida associativa do clube, independentemente de quem o gere.
Carlos Mota

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