A Espanha conquistou no sábado o sétimo título consecutivo num Europeu de hóquei em patins, após derrotar Portugal, por 5-4, no derradeiro jogo da 50.ª edição, disputada em Paredes, com um golo marcado a seis segundos do fim.
Foi a segunda vez que os espanhóis conquistaram um título europeu em Portugal, depois de Barcelos em 1985, confirmando uma hegemonia que prevalece desde 2000, e para esta vitória muito contribuiu Jordi Bargallo, médio do Liceo, autor de três dos cinco golos da equipa.
Num campeonato que estreou o modelo de todos contra todos, Portugal e Espanha chegaram ao derradeiro jogo igualados na liderança, só com vitórias, com vantagem lusa na diferença de golos.
O objetivo de Portugal ficou facilitado pela positiva entrada da equipa, rápida e a conseguir trocas de bola ensaiadas, com sucesso, no jogo da véspera, frente à Alemanha.
Reinaldo Ventura deixou a primeira ameaça, aos dois minutos, com um remate devolvido pelo ferro da baliza de Sergi Fernandez, mas, dois minutos depois, Valter Neves inaugurou o marcador, com um remate frontal, após jogada individual de Ricardo Barreiros.
A Espanha não teve tempo para reagir, pois três minutos volvidos, Reinaldo Ventura aumentou a vantagem, com um remate, colocado, de meia distância.
Carlos Feriche, técnico da Espanha, reagiu de pronto, solicitando um desconto de tempo, que se revelou benéfico, pois a equipa começou a intercetar os passes lusos, a partir da correção de posições em campo, e imprimiu mais velocidade ao seu jogo, através das ações de Jordi Bargallo.
A compensação para a nova atitude dos hexacampeões europeus chegou pelo seu melhor jogador, Pedro Gil, cujo remate de meia distância, aos 12 minutos, permitiu reduzir uma desvantagem que seria anulada aos 15, por Jordi Bargallo, na repetição de uma grande penalidade.
Portugal respondeu bem à pressão do empate e, ao contrário de edições anteriores, em que costumava falhar nos pormenores, repôs a vantagem no mesmo minuto, pelo "veterano" Reinaldo Ventura, de livre direto.
A segunda parte, imprópria para corações fracos, foi de alternância, com a Espanha a conseguir ganhar pela primeira vez vantagem por Pedro Gil, aos 38 minutos, já depois do empate pelo inevitável Jordi Bargallo (23).
Menos eficaz neste período, tendo desperdiçado três livres diretos, Portugal respondeu, no mesmo minuto, por Reinaldo Ventura, de grande penalidade, mas, quando já se fazia a festa lusa nas bancadas, Jordi Bargallo teve uma arrancada que só terminou com a bola no fundo das redes de Ricardo Silva.
Faltavam cinco segundos e já não havia tempo para responder e, com o sétimo triunfo europeu consecutivo, a Espanha passou a somar 16 títulos, encurtando a distância para Portugal, que lidera o "ranking", com 20.
Portugal continua em jejum depois de ter vencido o Europeu de 1998, em Paços de Ferreira. Ainda assim, a seleção nacional é a equipa mais triunfadora do hóquei em patins do velho continente: 20 ouros, 13 pratas e 8 bronzes.
A partida marcou, ainda, a despedida de Reinaldo Ventura da Seleção Nacional ao fim de 140 internacionalizações: "Gostava de ter tido uma despedida diferente. Faltava-me e vai continuar a faltar este título. É o meu adeus depois de muitos anos de dedicação".
"Devíamos ter feito a posse de bola até ao fim"
Rui Neto, selecionador de Portugal, lamentou a falta de concentração na parte final: "Não estando perfeitos durante 40 minutos, controlámos o adversário o jogo todo. Devíamos ter feito essa posse de bola até ao fim, mas não conseguimos num lance em que houve incapacidade nossa. Encontrei um balneário completamente destroçado, como se compreende, e ainda bem que nos tempos mais próximos não vai haver jogos para gerir, depois destas emoções todas. Acho que as duas equipas se equivaleram muito, mas demos, de certa forma, o domínio à Espanha e procurámos jogar no erro deles".
CLASSIFICAÇÃO FINAL
1.º - Espanha 6 jogos/18 pontos/+39 (dg*)
2.º - PORTUGAL 6 / 15 / +38
3.º - Itália 6 / 12 / +13
4.º - França 6 / 9 / -1
5.º - Suíça 6 / 6 / +3
6.º - Alemanha 6 / 3 / -17
7.º - Inglaterra 6 / 0 / -75
* diferença de golos
Top-5 Marcadores
1.º - Pedro Gil (Espanha), 14 golos
2.º - João Rodrigues (Portugal), 12
3.º - Antonio Perez (Espanha), 9
4.º - Reinaldo Ventura (Portugal), 8
5.º - Gonçalo Suíssas (Portugal), 8
Balanço positivo
Apesar da infelicidade desportiva no final, este Europeu foi um verdadeiro sucesso. Em conferência de imprensa, o Presidente da Comissão Organizadora, Vítor Grilo, e o vereador do pelouro do desporto do Município de Paredes – Cândido Barbosa – estavam em sintonia.
“Estamos muito satisfeitos. Quando iniciámos as reuniões, não tivemos qualquer dúvida de que este Europeu seria um sucesso. Paredes é uma cidade que respira hóquei em patins. A Organização fez tudo para que o campeonato fosse um sucesso, e foi. O pavilhão esteve sempre cheio durante os jogos de Portugal. Foi bom ver o apoio à seleção nacional e ao hóquei em patins”, afirmou Vítor Grilo.
Já Cândido Barbosa confirmou que todas as expetativas foram superadas. “Da parte do município, todas as expetativas foram superadas. O grande apoio da Federação de Patinagem de Portugal foi muito importante... E acho que não pode haver qualquer tipo de dúvida, os portugueses gostam de hóquei em patins. Para a final, houvesse espaço, e venderíamos o dobro dos bilhetes. E é por isto que queremos pedir desculpa às pessoas que não conseguiram ingresso, mas é uma situação que não podíamos controlar”.